sexta-feira, junho 01, 2012


ÊXTASE (Suplicio de uma manga)    

Toma-me em tuas mãos
Desnuda-me
Tira-me a casca
Delicia-te, saboreando cada partícula
Do meu corpo febril.
Com seus lábios
Percorre-me por inteiro.
Não saciado ainda,
Degusta-me e mordisca-me a carne
Então já despida de mim mesma
Qual semente em tua boca
Deixa meu néctar                
Escorrer entre os dedos
E, por fim
Invade meu interior.

(Mone - agosto 2010)




Hoje te vi                                
Você sorria
Irradiava alegria
Perecia haver resgatado
O sentido da vida.           

Hoje te vi
Você sonhava
Corria do tempo perdido
Buscava vôos mais altos
Um resgate de alma.

Hoje te vi
Você cantava
Uma música há muito não lembrada
Que te fez acreditar
Que o tempo não passa.

Hoje te vi
E você caminhava
Passos  firmes e seguros
Não titubeava.

Hoje te vi...
Amanhã, quem sabe?

(MOne)        

ALMA VAZIA

Já inventei pessoas

Coloquei-lhes capas

E as enxergava como eu queria.

Fantasiava que eram compreensivas,

Sensatas e doces.

Dava-lhes a roupagem

Que mais me aprouvia.

Enxertava-lhes sentimentos nobres

E vestia-os com fantasias.

Transformava-os em cavalheiros,

Príncipes e sheiks

Aos quais eu me rendia.

Hoje vejo-os nus,

Pobres, de alma vazia.

(Mone – 2012)


LEMBRANÇA VIVA


Fostes para mim,  o porto
Onde minha vida ancorava.
Onde em meio às tempestades
Sentia-me segura e amparada.
Fostes a brisa suave
Que meus pensamentos acalmava.
Que tão mansamente
Tranqüilizava minh’alma;
Fostes meu consolo
Quando a lágrima rolava.
Afastando o medo
Que tantas vezes me assolava.
Fostes a alegria incontida
De cada chegada
Que a dor da partida
Suplantava.
Fostes o riso solto
Que de mim transbordava
A cada gesto, a cada olhar,
A cada palavra.
Fostes, por fim,  a razão
Para continuar a caminhada.
Hoje sois lembrança viva
Jamais esquecida
Em mim eternizada.

(Mone)